Empresas familiares podem se tornar grandes sucessos no mundo corporativo

Uma análise feita por mais de três décadas constatou que as companhias com valores parentais têm índices de inovações mais bem-sucedidos do que empresas públicas ou privadas. Esse estudo foi realizado em 42 países e transformado em um artigo publicado pela Harvard Business Review. Mas será que empresas familiares são realmente um bom negócio?

A verdade é que existem prós e contras nesse tipo de empreendimento. Em geral, essas companhias possuem um comando centralizado, o que permite respostas rápidas em situações de emergência.

A relação entre a equipe nas empresas familiares costuma ser muito mais forte. Com um quadro de funcionários bem mais enxuto, os laços entre colaboradores e proprietários exerce papel importante no desempenho da empresa. Assim, o grupo torna-se muito mais interessado, proativo e unido.

Em contrapartida, essas empresas familiares enfrentam desafios adicionais. Em muitos casos, existem dificuldades na separação entre o emocional e o racional.

Com uma equipe muito mais unida, pode haver exigência de alta fidelidade dos empregados, levando à submissão e restrição da criatividade.

Outro grave problema a ser enfrentado é a valorização de empregados mais antigos, em detrimento de outros que possam ser efetivamente mais rentáveis.

Os laços formados entre os fundadores e a equipe tendem a levar a uma relação paternalista. Também podem ocorrer situações em que as vagas disponíveis sejam preenchidas por parentes, ao invés de profissionais capacitados para os cargos.

Também é comum que ajam conflitos entre os membros da família na disputa pelo controle do negócio, principalmente se for a segunda geração – que herdou dos pais o empreendimento.

Essas disputas acabam sendo levadas para dentro da empresa, comprometendo o funcionamento e até mesmo gerando prejuízo.

Um bom gerenciamento, entretanto, pode evitar essas situações. Utilizando-se de governança corporativa – sistema pelo qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas – é possível fazer uma distinção entre propriedade e gestão.

É importante deixar claro que os herdeiros da empresa possuem direitos como proprietários, mas isso não significa que serão gestores do negócio antes de efetivamente assumi-los.

É necessário, antes, aprender sobre a empresa, o mercado que ela atua e como administrar a equipe. Gestão requer competências que não se transferem por hereditariedade.

Uma boa sugestão é a criação de um conselho de família – que não deve se confundir com o conselho de administração. O propósito deste grupo é organizar as expectativas em relação à sociedade.

Esse conselho irá deliberar conflitos parentais como definição de critérios para a sucessão e participação na sociedade e valores da família que deverão orientar o negócio.

É importante ressaltar que estas reuniões ocorram fora do ambiente das empresas familiares, para evitar envolvimento emocional com o trabalho e com os colaboradores.

Esse processo de separação entre família e negócios pode ser complicado. Por isso, existem associações que trabalham para auxiliar nessa jornada.

A Associação das Empresas Familiares, por exemplo, ampara os pequenos negócios parentais nas questões de gestão e governança, fornecendo subsídios no processo de expansão do empreendimento, identificando os desafios e oferecendo soluções por meio de consultores e especialistas.

Outro órgão que pode ajudar nesse processo é o Sebrae.

A entidade possui um programa voltado especificamente para pequenos negócios e está à disposição para fornecer apoio, treinamentos e cursos.

Grandes companhias de hoje, como a Walmart, a Volkswagen, a Sadia e o Itaú Unibanco, começaram como pequenas empresas familiares e prosperaram no Brasil e no mundo. Tudo graças a uma gestão eficiente, focada em resultados.

Por isso, não desista. Acerte os ponteiros da sua empresa e seu negócio familiar pode vir a ser a próxima multinacional.

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